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 Artigo de Opinião 

CIDADÃOS PELA HUMANIDADE

Mais do que nunca é tempo de refletir sobre a importância da Angariação de Fundos para as IPSS.

A nossa sociedade tem vindo a enfrentar um conjunto de desafios cada vez mais complexos, que exigem respostas cada vez mais específicas e necessárias para o tão almejado desenvolvimento global. Os Estados, por todo o mundo, apresentam por isso, e cada vez mais, dificuldades em fazer face a todas as necessidades e urgências identificadas.

As respostas necessárias são cada vez mais diversificadas – desde questões ambientais a sociais – e sobretudo cada vez mais complexas. Naturalmente os Estados socorrem-se do trabalho das Instituições Sem Fins Lucrativos e das Organizações Não Governamentais, especialistas numa ou noutra área de atuação.

Todas estas dificuldades com as quais a sociedade se depara, refletem consequências nestas mesmas organizações, enfrentando, também elas, um leque alargado de desafios e obstáculos de diferentes níveis (económicos, sociais e políticos) e que podem, por vezes, colocar em causa a sua sobrevivência e até mesmo o trabalho que desenvolvem de apoio e ajuda ao seu público-alvo.

Nos últimos meses vivemos uma realidade inimaginável para a comunidade global. A pandemia do Covid-19 atirou para o desemprego milhões de pessoas em todo o mundo. Há negócios que nunca recuperarão e há milhões de pessoas a precisarem de algum tipo de apoio, para além daquelas que já necessitavam e beneficiavam desse apoio através das Organizações Sem Fins Lucrativos, que no nosso país sempre lutaram por se manter vivas,  apesar dos grandes desafios de sustentabilidade, focando-se sempre no seu compromisso com os seus beneficiários.

A questão que se coloca atualmente é: como podem sobreviver as organizações, que dão suporte às pessoas que estão em situações de vulnerabilidade com mais este (enorme e inesperado) desafio?

Muitos de nós já ouvimos que o real impacto económico de toda esta situação está ainda para chegar. Que são os Estados um pouco por todo o mundo que estão a suportar esta situação pandémica. Atentemos a esta iniciativa e em consciência vejamos se é agora o momento de também nós tomarmos a iniciativa em benefício da comunidade a que pertencemos: Numa carta aberta um grupo de 83 milionários de sete países (EUA, Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia, Alemanha, Dinamarca e Holanda) pede a subida dos impostos que pagam: “Pedimos aos nossos governos que aumentem os impostos cobrados a pessoas como nós. Imediatamente. Substancialmente. Permanentemente.”

Este grupo “Milionários pela Humanidade” inclui nomes como a herdeira da fortuna de Walt Disney, Abigail Disney, ou um dos fundadores da marca de gelados Ben & Jerry, que apelam a que os governos procurem nas suas fortunas parte dos meios necessários para financiar a intervenção dos Estados na resposta à presente crise. “Não somos nós que estamos a tratar dos doentes nas unidades de cuidados intensivos. Não somos nós que conduzimos as ambulâncias que trazem os infetados para os hospitais. (…) Mas temos dinheiro, muito dinheiro”

E nós? Os que também não estão na linha da frente e não tendo muito dinheiro, temos o suficiente para não termos sido significativamente impactados a nível financeiro por esta situação? Será a altura de pensar nas muitas organizações sociais não têm elas próprias reservas financeiras que as permitam aguentar o impacto deste evento e que isto pode ditar o fim de algumas organizações e do apoio que prestam?

Em Portugal é verdade que não temos a cultura da doação regular de forma tão enraizada como nos signatários desta carta.

Mas será esta a altura de agirmos e mudarmos também a nossa forma de atuação?

De passarmos a doar com mais regularidade e construir hoje, num momento crucial, o desenvolvimento global de amanhã?

Certa de que o ser humano se revela nos momentos de adversidade e de que o mundo de amanhã depende de nós hoje, estou confiante que todos os cidadãos e empresas portuguesas farão parte deste movimento de cidadãos para a Humanidade e doarão na medida do que puderem, e que entenderão o quão crítico é o seu apoio para tantas e tantas pessoas que fazem parte da nossa comunidade.

Maria Inês Courela,
Nova SBE

(créditos da imagem fFreepik: <a href='https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/mao'>Mão vetor criado por freepik - br.freepik.com</a>)